O passado e o presente digital

A breve história das interações humanas com as tecnologias digitais é marcada por uma relação em constante evolução: em meio século, de uma ferramenta complexa, para às mãos de bilhões de pessoas.

Os primeiros computadores digitais, desenvolvidos na década de 1940, eram máquinas extremamente complexas, desenvolvidas e operadas por algumas das mentes mais brilhantes do planeta, como Alan Turing, cujo trabalho teórico e prático ajudou os britânicos a decodificar as mensagens cifradas dos alemães durante a Segunda Guerra Mundial.

A geração de computadores que veio a seguir, os mainframes, surgiu no final da década de 1950. Presentes principalmente em instituições acadêmicas e militares, os mainframes ainda ocupavam salas inteiras e continuavam a ser um terreno reservado a especialistas – as informações inseridas eram formadas por comandos altamente abstratos, e as respostas não faziam sentido algum para quem não fosse versado em ciência da computação.

Tudo começou a mudar nos anos 1970, com o surgimento do microprocessador e a chegada dos primeiros computadores aos lares das pessoas. Thomas Watson, presidente da IBM, supostamente teria dito, em 1943:

Acredito que exista uma demanda mundial para talvez cinco computadores.

Tenha ele dito ou não a frase (a própria Wikipédia afirma que há “poucos indícios” de que isso seja verdade), quando o primeiro computador pessoal foi lançado, em 1971, ninguém esperava que o mercado doméstico para tais máquinas fosse muito além de alguns milhares de entusiastas. Os computadores, no entanto, mostraram-se uma atração muito mais poderosa do que esperavam até mesmo os acadêmicos mais ambiciosos. Ao fim da década de 1970, novas máquinas desenvolvidas por empresas como Apple, Commodore e Tandy estavam vendendo centenas de milhares de unidades. A revolução digital havia se tornado pública.

Mas isso era apenas o começo da ininterrupta expansão das interações entre os seres humanos e a tecnologia digital. Desde a década de 1970, nossas máquinas têm se tornado cada vez mais poderosas, mais interconectadas e mais fáceis de usar. As que possuímos hoje são centenas de milhares de vezes mais poderosas que a primeira geração doméstica, dez vezes mais baratas e extremamente mais fáceis de usar.
Mais importante do que a capacidade, no entanto, é a experiência que essas máquinas proporcionam. Nesse campo, a grande revolução está apenas começando. Isso porque o conceito de “computador pessoal” como sendo um desktop em casa ou um laptop na mochila está sendo gradualmente substituída.

Pra mim, tudo começou em 1983, com os primeiro videogame de massa, o Atari. Em 1985, comecei a estudar computação. Andava por aí com um disco flexível de 5″1/4 com a imensa capacidade de 1.2 Megabits, onde rodavamos jogos, compilavamos alguns códigos e tínhamos textos e outros. Um computador conectado era um terminal burro e nas escolas e empresas, havia sistemas de compartilhamento de tempo para uso de tais terminais.

Depois, todos passaram a ter poder de computação. No início dos anos 90, consegui levar um computador pessoal pra casa, para fazer o que quisésse, a hora que fosse.

Em 2021, temos o Windows Virtual Desktop, que parece dar prenúncio ao fim da era do PC. Percebo que, mesmo que nossas vidas se tornem cada vez mais centradas na tecnologia, menos pessoas realmente estão interessadas na tecnologia em si. Sim, elas adoram tecnologia, mas como usuários.

Hoje, para realizar qualquer trabalho com um computador, primeiro você tem que saber um pouco, sobre computadores, sistemas operacionais e alguns comandos. Mas vai por mim, hoje, isso tudo e muito “amigável”.

O Google tem o Chrome OS que a maioria de nós pode fazer tudo o que precisa em um computador, apenas com um navegador web.

A Microsoft, em vez disso, Caminha para o Windows desktop-como-serviço (DaaS) por meio do Microsoft Managed Desktop (MMD). Isso reúne o Windows 10 Enterprise, Office 365 e Enterprise Mobility + Security e o gerenciamento de sistemas baseados em nuvem no Microsoft 365 Enterprise. Na próxima etapa, o Windows Virtual Desktop, irá permitir que as empresas virtualizem aplicativos do Windows 7, do Windows 10, do Office 365 ProPlus e de outros aplicativos de terceiros em máquinas virtuais baseadas no Azure. Se tudo correr bem, você poderá se inscrever no Windows Virtual Desktop até o final do ano; e até 2025, o Windows como um sistema operacional de desktop real será um produto de nicho.

Isso parece lhe soar estranho? A Microsoft só quer que você “alugue” o Office 365 em vez de comprar o Office 2019.

Mas e os jogos? Sempre teremos o Windows desktop para jogos! Será?

O Google, com seu serviço de nuvem de jogos (Google Stadia), também está apostando que estamos prontos para mover nossos jogos para a nuvem. A Valve tem se saído muito bem há anos com a sua variação neste tema – o Steam.

Então, para onde tudo isso nos leva?

Eu acredito que o PC desktop irá desaparecer, na forma mais tradicional que conhecemos. A maioria de nós estará escrevendo documentos, preenchendo planilhas e fazendo o que fazemos hoje em nossos PCs por meio de aplicativos baseados em nuvem em terminais inteligentes que executam o Chrome OS ou o Windows Lite.

Para um PC “real”, suas escolhas serão Linux ou macOS.

Nenhuma das principais empresas do Linux – Canonical, Red Hat, SUSE – afirma que o Linux assumirá uma forma de sistema operacional virtual, em cloud etc, mas continuará da mesma forma que é agora: uma plataforma desktop para entusiastas e com muito potencial.

O macOS, da Apple, que também tem o Unix como raiz, não demonstra querer evoluir para um Sistema Operacional virtual. Mas as vendas de Macs representam uma porcentagem cada vez menor do lucro líquido da Apple.

Não é que os Macs não sejam ótimos. Eles são. Mas, como mencionei acima: as pessoas estão se tornando menos técnicas…

Haverá também pessoas que precisam do poder de processamento, que só pode vir de ter processadores rápidos, com armazenamento rápido, em seu desktop. Mas essas pessoas estão diminuindo – assim como o mundo dos PCs desktop.

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