O salto tecnológico da informação

A tecnologia da informação e a Internet se combinaram para transformar os hábitos de criação, busca e disseminação de informações dos seres humanos, nos permitindo uma capacidade aprimorada de criar e compartilhar informações sofisticadas; e mesmo isso, não nos levou a um mundo em que o conhecimento e a experiência são facilmente acessíveis e compreendidos de maneira direta por todos.

Concordam?

Não há dúvidas de que a Internet permite fácil acesso a grandes quantidades de conteúdo através de sites, redes sociais e publicação online que geraram mais conteúdo do que podemos acompanhar ou processar.

Enquanto nós, usuários leigos realizam pesquisas básicas online – em medicina, direito, arquitetura, contabilidade e outros – os frutos dessas consultas tendem a ser coleções de documentos ou páginas da web potencialmente relevantes, mas tecnicamente complexas, em vez de respostas a problemas ou aconselhamentos que realmente precisamos.

Uma enciclopédia online, por exemplo, pode orientar, mas geralmente não aconselha ou instrui aos usuários, quais os próximos passos a serem tomados.  Além disso, não é fácil para a maioria dos usuários saber quando os recursos online em áreas complexas são oficiais e confiáveis. Essa análise leva alguns céticos a concluir que a Web e as mídias sociais têm um efeito prejudicial na sociedade, criando montanhas de informações, sem que possam interpretar e aplicar essas informações de maneira confiável em circunstâncias específicas. Esta conclusão, no entanto, assume erroneamente, que já fizemos a transição completa da sociedade industrial baseada na informação impressa para o que chamamos de sociedade da Internet baseada na tecnologia (e “tecnologia” aqui é em grande parte “tecnologia da informação”). Em vez disso, podemos ainda argumentar, que ainda estamos em uma longa fase de transição entre essas duas eras e que a ‘sobrecarga de informação’ é uma das muitas consequências infelizes, mas temporárias, deste estado provisório.

Aceitamos que, durante esta fase de transição, os profissionais tradicionais que trabalham em instituições convencionais, ainda serão necessários, como a principal interface entre o leigo e os especialistas do conhecimento aos quais eles podem agora ter acesso, mas ainda não os meios para interpretar.  No entanto, uma vez que tenhamos progredido totalmente para a sociedade da Internet baseada na tecnologia, a quantidade e a complexidade dos materiais serão ocultadas dos usuários, as próprias novas tecnologias ajudarão em sua interpretação e, assim, os profissionais tradicionais não serão mais a interface dominante entre os leigos e os conhecimentos práticos de que precisam para aplicar às suas circunstâncias e problemas particulares. Nossa capacidade de usar tecnologia de computador para capturar, armazenar, recuperar e reproduzir dados ultrapassa amplamente nossa capacidade de usar tecnologia para ajudar a analisar, refinar e tornar mais gerenciável a massa de dados que o processamento de dados tem gerado.

Somos ótimos em obter informações, mas não tão bons em extrair as informações que desejamos. A defasagem ou o atraso entre o obter e extrair, chamaram de “processamento de dados” e “processamento de conhecimento”. E seguimos para argumentar que não teríamos progredido para uma sociedade da Internet baseada em tecnologia madura até que o atraso fosse eliminado e o processamento do conhecimento se tornasse igual à tarefa de nos libertar dos dilemas de gerenciamento de informações deixados por seu ancestral, o processamento de dados.

Em outras palavras, as tecnologias dos anos 1990 permitiram a sobrecarga de conteúdo e de informações para a qual ainda não havíam inventado tecnologias.

Assim, as fontes de informações técnicas profissionais, em rápido crescimento eram como um jato d’água de informações, explodindo contra os usuários; e, longe de eliminar a necessidade de aconselhamento especializado, parecíamos exigir mais profissionais do que nunca.

No entanto, foi possível ver as falhas e começar a atuar nelas; e agora estamos refinando nossas técnicas no campo do processamento do conhecimento e desenvolvendo gradualmente sistemas que nos ajudarão a analisar e gerenciar os vastos corpos de informação que criamos para nós mesmos. Esses próprios sistemas nos ajudarão a localizar tudo, inclusive, o material relevante para nossos propósitos específicos como usuários. Só precisamos refletir sobre as capacidades dos recursos de pesquisa como o Google, o sucesso das iniciativas de ciência de dados e o surgimento de uma nova onda de sistemas de inteligência artificial, como o Watson, então podemos perceber que a defasagem de tecnologia agora, está diminuindo constantemente. A previsão, então, ‘é que os avanços no processamento do conhecimento serão impressionantes nos próximos anos, facilitando este período de transição’ para o que agora chamamos de ‘sociedade da Internet baseada na tecnologia’, provará ser, bastante preciso.

Em relação às profissões, com essas tecnologias em vigor, a quantidade, complexidade e mutabilidade dos materiais de origem torna-se um desafio menor para os usuários, porque os sistemas apontam com muito mais precisão os materiais relevantes para eles. Mais do que isso, nossos sistemas cada vez mais capazes, poderão resolver problemas e oferecer conselhos, ao invés de simplesmente apresentar documentos potencialmente relevantes. Mais ambiciosos ainda, os sistemas anteciparão nossas necessidades e oferecerão orientação e advertência, mesmo antes de sabermos que um problema ou oportunidade surgiu. Assim como nossa demanda por orientação especializada de seres humanos experientes mudou ao longo do tempo, a subestrutura de informação mudou:

  • Da oralidade para o script;
  • Do script para a impressão;
  • Da impressão para o próximo, devemos esperar uma mudança adicional à medida que avançamos em um mundo que é sustentado pelo poder de processamento e capacidades de comunicação que são muito maiores do que no passado.

As profissões, hoje, são baseadas no conhecimento, de modo que se o meio dominante pelo qual armazenamos e comunicamos conhecimento mudar radicalmente, então não é radical supor que a maneira como armazenamos e comunicamos conhecimento profissional será similarmente transformado. Não se trata apenas de nossas profissões atuais não explorarem novas tecnologias e, portanto, perderem a oportunidade de ser mais eficientes.

A mudança na subestrutura da informação é mais fundamental do que isso. Ela determina como organizamos e disponibilizamos nosso conhecimento coletivo e experiências na sociedade. Esperamos, à medida que passamos de uma sociedade industrial baseada na impressão para uma sociedade da Internet baseada na tecnologia, que as mudanças nas formas em que compartilhamos conhecimento serão tão abrangentes como quando passamos da era da escrita para a era de impressão. Esta não é uma mudança que está esperando que políticos ou profissionais a iniciem. Já vimos o poder das redes sociais. Não devemos supor que quase 3 bilhões de pessoas conectadas entre si estarão menos motivadas a promover mudanças na forma como a experiência é compartilhada quando se tornar evidente para elas que os meios para melhorar de forma abrangente sua qualidade de vida e padrão de vida já está disponível. Quando fica claro para as pessoas que, por exemplo, melhor saúde, educação e proteção legal podem ser garantidos por meio do serviço online, então esses sistemas provavelmente serão adotados, estejam ou não os legisladores e profissionais liberais apoiando ativamente.

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